Hollywood E O Curioso Caso Dos Novos Clichês | Por Jorge Marques
Inevitavelmente, os filmes e séries dos EUA continuam a nos entregar clichês como sempre fizeram. Assim como o público se cansou do machão indestrutível, do valentão do time de futebol americano, da mocinha altamente sensual e de tantos outros esteriótipos, o público vai se cançar desses "novos clichês".
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Imagem: pixabay.com |
Quer dizer, uma hora as pessoas vão se cansar de ver toda heroína ser machona, da moça magrinha derrubar dezenas de caras bombados, de toda personagem negra ser lésbica ou bissexual, de todo personagem homem, hétero e jovem ser quase uma ameba. Porém, isso não vai ocorrer apenas porque é impossível representar todas as pessoas do mundo numa obra de ficção (até que todo mundo fique satisfeito de ver um personagem que é a sua cara na telona, na telinha, etc). A coisa é bem maior que a simples representatividade. Acontece que nossa tolerância a conteúdos repetitivos e pouco inspiradores tem limite: esse é o grande problema. É como o caso dos filmes de cachorro que, praticamente, ninguém mais produz.
No
entanto, não é o caso que a ficção seja desinterassante. Muito pelo contrário!
A fantasia é, sob muitos aspectos, uma pintura da nossa vida mental: a
trajetória do herói é, acima de tudo, nossa aventura diante dos problemas
cotidianos dentro de nossas cabeças. Mas é que o grande apelo aos esteriótipos,
que por hora interessam a muitos espectadores jovens, rouba o lugar das grandes
histórias. Entende isso? Em vez de nos mostrar um espelho da nossa alma, que é a aventura fantástica do herói (seja ele um homem, uma mulher, um robô, um helicóptero de combate!), os produtores preferem nos apresentar um espelho do nosso rosto e das nossas máscaras, pois, por hora, é assim que se ganha dinheiro. Mas, para a tristeza de quem curte conteúdos assim tão superficiais, é exatamente essa abordagem tão miserável que deve destruir a popularidade desses clichês, provocando
mudanças na indústria dos filmes e séries de TV mais uma vez. Isso é normal.
O caso da
greve dos roteiristas, há alguns anos, provocou investimentos em remakes de
filmes marcantes. Isso denuncia nossa relação delicada com obras de ficção.
Retornamos aos modelos clássicos de narrativa porque elas resistem ao tempo,
porque grandes histórias foram testadas por diferentes gerações, ao passo que
esteriótipos, histórias repetitivas e apelativas nos cansam e se desgastam e se
descartam rapidamente, fazendo o público exigir um pouco mais de qualidade.
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